Vitória, vista Morro do Moreno

Vitória, vista Morro do Moreno

No último sábado os fotógrafos Marco Ceotto e Gabriel Lordêllo estiveram no Moro do Moreno, em VIla Velha, para produzir imagens das cidades de Vitória e Vila Velha.

Depois de três tentativas frustradas, em que o tempo não colaborou, conseguimos boas imagens, confiram abaixo:

Fotos: Gabriel Lordêllo e Marco Ceotto.

Foto: Marco Ceotto/Mosaico Imagem

Foto: Marco Ceotto/Mosaico Imagem

Foto: Gabriel Lordêllo/Mosaico Imagem

Foto: Gabriel Lordêllo/Mosaico Imagem

Foto: Marco Ceotto/Mosaico Imagem

Foto: Gabriel Lordêllo/Mosaico Imagem

O Muro de Berlim

O Muro de Berlim

Tadeu Bianconi, fotógrafo.

Conheci Berlim em 1986, ainda ocupada por tropas aliadas e dividida pelo ”famoso” Muro.
Ninguém, naquela época, poderia imaginar que o Muro cairia em 1989. Também passei alguns dias em Berlim Oriental mas, daquele periodo, só sobraram poucas fotos. Depois de fotografar Berlim, fui roubado em Barcelona, onde me levaram 20 rolos de filmes, com várias fotos da capital germânica.
Na época, ainda era um estudante, e aquelas cenas me fizeram compreender o que representava o Muro na vida de muitas pessoas. Uma delas, o jornalista Orlando Eller, conta em um texto o que representou o Muro em sua vivência:

O muro de Berlim em minha vida

Agraciado com gentil convite da embaixada da Alemanha Ocidental, visitei aquele país lá apelos idos de 1983. Descendente de imigrantes alemães, era óbvia minha ansiedade em pisar aquele solo. Foi de lá que, em companhia de uma leva de europeus, emigrou em 1823, por iniciativa de D. Pedro I, um Eller que deu origem aos Eller no Brasil.
Fiz parte de um grupo de dez jornalistas brasileiros que tiveram a oportunidade de conhecer, durante dezoito dias, a pujança do lado Ocidental, sustentada pelos princípios da socialdemocracia. Além de conhecer nove cidades e várias indústrias, tais como a Daimler-Benz, a Bosh, a Siemens e a Bayer, fomos recebidos em Bonn (então capital da Alemanha Ocidental) pelo Parlamento e pelo presidente do Deustches Bundesbank (o banco central alemão).
Uma vez em Berlim, fomos estimulados a conhecer o outro lado do muro, parte da cidade dividida e capital da Alemanha Oriental, então sob ocupação do governo da União Soviética. Mas, como era óbvio, sem acompanhamento diplomático. Saímos cedo do Hotel Hamburg e tomamos o metrô.
Desembarcamos em Alexanderplatz, um terminal de passageiros em praça de intenso movimento. Lembro-me dela principalmente em razão de sua gigantesca torre de televisão, de mais de 365 metros de altura, e da banca de jornais e revistas, onde não se via nudez ou algo parecido que incendiasse a libido.
Sob temperatura alguns pontos abaixo de zero, alertou-nos o jornalista Rogério Furtado, de Economia da Folha de São Paulo, de que um certo suspeito casal nos acompanhava de perto desde a passagem, onde deixamos nossos passaportes. Não o levamos a sério e houve até quem brincasse: “Olhe, esses comunistas só comem criancinhas. Já somos adultos e nossa carne é dura demais”.
Durante almoço, em restaurante todo envidraçado à margem do rio Spree, ainda com a pulga atrás da orelha Furtado abriu estreita fresta no cortinado marrom. Mirou a rua e disse: “Aquele casal está na calçada”.
E realmente estava. Durante nossa peregrinação pelos lugares mais importantes, entre os quais um extraordinário museu; em bondes ou a pé, lá estavam os dois, presentes à distância de um tiro de pedra. E bem no final da tarde, antes de regressar, saboreamos um chope. No outro lado da rua, de prontidão, novamente eles.
E pelos dois fomos, finalmente, acompanhados até a passagem do muro. Havia fila e muitos guardas armados. Quando chegou minha
vez de receber o passaporte, uma baita alemã, de gorro e armada de pistola, me disse: “Halt”! Senti que eu estava sendo detido para investigação. Vários da ostensiva colundria de comunistas me olhou atentamente (coitados dos comunistas, dos capitalistas e dos que não são uma coisa nem outra) durante uns vinte minutos. Indignado, fui obrigado a lhes apresentar outros documentos, como carteira de identidade, carteira da Fenaj, da Gazeta, enfim… até que, já não sentindo as pernas de frio e de medo, anunciei em bom alemão que eu era brasileiro; que estava indignado; e, em bom português, mandei todos eles para a puta que os pariu.
Notei então que na longa fila que se formara, houve quem achasse graça, talvez em razão do endereço ao qual acabava de mandar todos os comedores de criancinhas. Depois de uns dez minutos de constrangimento, em que me fotografaram e fizeram até cópia dos demais documentos, fui enfim liberado.
Depois, já livre no Hotel Hamburg, contei a história para o Rohde, cônsul alemão ocidental em São Paulo que nos acompanhava na viagem. Ele riu e disse: “Sabia que você iria ter problemas lá, mas que, efetivamente, não seriam além de só inconvenientes”. Eu quis saber dele por que razão. E Rohde: “Você é sósia de um dos líderes do grupo terrorista Baader Meinhoff, único ainda livre”.
Por que não me avisou? “Porque você teria desistido de sentir um pouco do que é aquilo lá, aquele pequenino pedaço da grande cortina de ferro”. Agradeci a oportunidade e emendei: “Acho que são todos tolos. Como achar que um líder terrorista sob caça, único da espécie ainda livre, iria se apresentar assim, ingenuamente”?
Não há como me esquecer daquele muro, monumento da guerra fria (esta guerra que, afinal, então podia até ter sido mas não mais está sendo a pior coisa que o homem já produziu, e que ora se acha em curso). Orlando Eller, Jornalista

Fotos: Tadeu Bianconi

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INTI RAYMI

INTI RAYMI

INTI RAYMI – Festa do Sol no Peru – Las Tres Cruces e Sacsayhuaman

No mês de junho, acontece no Peru a Festa do Sol. Originária do povo Inca, esta é a mais antiga festa folclórica e religiosa da América Latina. Para mostrar toda a beleza deste evento, a Mosaico Imagem preparou um vídeo com imagens do fotógrafo Tadeu Bianconi.

Texto e fotos: Tadeu Bianconi

Desde a adolescência, ouvi falar da Festa do Sol no Peru por meio de alguns amigos mochileiros (hippies) que estiveram de passagem pela Cordilheira dos Andes. A oportunidade de fotografar a cerimônia veio somente em 2001, quando tive chance de registrar duas festas, uma no dia 22, mais tradicional e primitiva, e outra no dia 24, que começa nas ruas de Cuzco e termina nas ruínas de Sacsayhuaman.

Saímos de Cuzco no dia 21 e, depois de duas horas de estrada de chão, durante a noite, vencendo os penhascos do Parque Nacional Manu, chegamos à montanha chamada Las Tres Cruces, a 4.020 metros de altitude. A cerimônia começou às três da manhã, na madrugada do dia 22, com doze sacerdotes quechua mascando folhas coca. Depois aconteceram danças folclóricas em homenagem ao Deus Sol, e com o nascer do astro rei, os nativos sopram as conchas para saudar seu Deus maior.

O frio de -5ºC congelava os dedos e o som das conchas e dos tambores me deixavam hipnotizado, sem saber por onde começar a fotografar.

A festa do dia 24, fotografei nos anos de 2001 e 2005. A cerimônia começa pelas ruas de Cuzco, no antigo palácio real do Império Inca, e segue pelas ruas da cidade até Sacsayhuaman, onde acontecem mais celebrações, dentre elas o sacrifício de uma lhama em homenagem a Inti, o Deus sol.

Todas as imagens foram capturadas com filme slide e preto e branco tri-x.

Confira o vídeo com as imagens: