No ano passado participei de um projeto sobre a história dos índios capixabas, das historiadoras Kalna Mareto Teao (Mestre em Educação) e Klítia Loureiro (Mestre em História). Meu trabalho era fotografar duas aldeias indígenas no município de Aracruz, norte do Espírito Santo, de acordo com uma pauta. As imagens produzidas seriam utilizadas para ilustrar a pesquisa das historiadoras que seria publicada em um livro.
O trabalho não foi nada fácil, o pouco tempo para fazer as fotos gerou uma dificuldade de aceitação nas aldeias, que não acontece de uma hora para outra. Em cerca de 8 visitas, 6 na aldeia Boa Esperança, Guarani, e 2 na aldeia Caieiras Velha, Tupinikin, consegui fotografar apenas 2 dias na primeira e 1 dia na segunda. Não poderia esperar que um povo que nunca me viu me aceitasse com rapidez e compreendo a desconfiança com a minha presença. Mas os caciques foram muito receptivos e ajudaram da maneira que puderam.
Outra dificuldade é fotografar uma aldeia indígena em 2009, onde o visual lembra mais uma vila de casas e pouca coisa de uma aldeia com as ocas de estuque estudamos na escola. Mas a cultura, apesar das inevitáveis interferências, ainda resiste, como a linguagem, crenças, trabalho e alimentação.
Para mim ficou aquela sensação que poderia ter feito um trabalho melhor e que precisava de mais tempo pra registrar o dia a dia desses que foram os primeiros habitantes do Brasil. Mas de qualquer forma gostei do convite e da oportunidade de fazer esse trabalho.
O livro foi lançado no final de 2009 e foi muito bem aceito pelos capixabas. Com uma impressão e diagramação muito boas e um conteúdo inédito o trabalho já virou uma referência aqui no Espírito Santo.